quarta-feira, 27 de abril de 2011

Quem teve a pior experiência do mundo em um banco, não teve pior que essa...

Mais do que tornear bem as pernas para a ‘correria louca de todo dia’, temos que ser submetidos, vez ou outra, a testes de paciência de quem vai à contramão do ‘mundo globalizado’. Quer dizer, pelo menos no que diz respeito à agilidade e prestação de serviços personalizados, toda essa conversa de faculdade de administração, porque em termos de arrecadação e busca desenfreada por lucros, eles são mestres: os bancos.

Saber que preciso resolver algo em uma agência bancária normalmente destrói, por antecedência, meu senso de humor. O stress começa desde a entrada principal, com aquela maldita porta giratória. Tenho certeza que há um guarda, numa guarita perdida, me julgando por puro preconceito através de um buraco numa parede qualquer. O detector de metais normalmente ‘grita’ até eu ter que tirar o anel peniano e o dente de ouro, sem qualquer compaixão dos seguranças que assistem o striptease gratuito com ar de riso.

Enquanto você ainda pega todas as suas coisas e se veste ao lado da porta, pedindo a Deus que ninguém corra mais rápido que você e leve seu celular recém-comprado da bandeja, um engravatado com cara de modelo adentra o ambiente. Com maleta de alumínio na mão, iPod Shuffle no ouvido (sim, eu tenho visão de raio-x) e falando ao celular, passa pela porta como se ela nem existisse. Não pede nem um momento na ligação.

Você, boquiaberto, grita: “Ele tem uma arma na maleta” e o pandemônio se instaura na agência, crianças choram, vovós com seus andadores metálicos se jogam ao chão... “Fiquem tranqüilos. Um rapaz distinto como este não teria nada perigoso consigo. Podem relaxar, está tudo certo”, garante um dos seguranças e todos os olhares se voltam a mim, como quem amaldiçoa a pessoa até sua terceira geração. Você assobia e vai até a fila, como se não fosse com você, claro...

Pega a senha número 12.526 e olha para o painel eletrônico: ‘22’. Decide ir para a fila comum mesmo. Quem não arrisca... Afinal, só se pode esperar 15 minutos numa agência, não é mesmo? E é mais ou menos isso que você espera para dar o primeiro passo à frente. E não adianta trocar de fila. Sempre que você trocar de fila, a que você estava começa a andar mais depressa e a sua ‘estanca’.

Depois de derreter na sempre mal refrigerada estrutura, de seu carente 'vizinho de espera' (cujo desodorante claramente 'venceu') conta metade de sua vida e de pelo menos três crianças testaram a capacidade de seus tímpanos com berros impossíveis, você se aproxima dos caixas. Enquanto isso, o almofadinha engomado está papeando sobre futebol no atendimento ‘prime’.

Faltando três pessoas para seu atendimento, um dos caixas diz a segunda pior frase que pode ser dita quando se está em um banco: “O sistema caiu. Vou ter que reiniciar. Volto em alguns minutos”. Por ‘minutos’, entenda-se um café com biscoitos e um cigarro depois. A pior de todas as frases é, claro, com tom de surpresa: “Mas a sua conta está zerada!?”, momento em que você desaprende a ser homem, sua frio e fala fino, com o coração acelerado. Acontece.

Primeiro da fila. Finalmente. Eis que te chamam. E, como sempre, surge um idoso tacando a bengala no seu ombro “sou preferencial”. Você revira os olhos. Está acostumado. Uma eternidade depois ele conclui. É a sua vez... de ceder espaço novamente. Uma velhinha te olha como se você tivesse roubado sua agulha de tricô. É melhor deixá-la passar antes que ela mesmo acredite nisso.

Quase meia hora depois você finalmente é atendido. Sente um toque no braço. A garota, de no máximo 20 anos, exibe a grande barriga “Com licença, estou grávida. A preferência é minha”. Você, gentilmente, a empurra para o canto, sob o estarrecido ‘oh’ generalizado e, sem se alterar (muito), puxa a barriga de pano debaixo de sua blusa-bata. “Pro fim da fila, rapariga”, se limita a dizer, dessa vez, sob a estarrecida gargalhada geral.

Finalmente atendido, espera aplausos (que não vêm). Sai da agência. Entra no carro, estrategicamente posicionado em frente à saída. Dá partida e aguarda seu comparsas, o engomadinho e a velhinha acrobata que se atirou ao chão. A essa altura pegaram todos de surpresa. Já pode até imaginar que, segundos atrás disseram: “Ninguém se mexe, é um assalto”. Pensando bem, essa sim é a pior frase que você pode ouvir quando está em um banco...

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