“O que foi?”, perguntou ela, resignada.
“Nada”, respondeu sorrindo. Sabia que ela questionava mais pelo fato de acreditar não ter o que ser admirado do que por um suposto incômodo. “Posso?”, brincou. Mas não era nada. Compreendeu, naquele instante, que o jogo já não era o mesmo. Estava mudado, há muito, cresceram distantes. Hoje, o abismo entre as idades pareceria mais um preconceito infundado.
Nunca soube ao certo o que o encantava nela. Dentre as amigas, irmãs e primas, poderia até não ser a mais bonita, mas seu jeito quieto e analítico de tudo o convidavam a cuidá-la. Sua inteligência, a querê-la. Quando um homem está bem intencionado, não há nada mais afrodisíaco que estar com uma mulher inteligente.
Conheciam-se há uma década, mas ele sempre teve a impressão de ser apenas o moleque engraçado que a faria sorrir de vez em quando. Tinha certeza que ela também. Viu-a crescer em sua carreira, conquista a conquista. Quem a visse, na rua, não imaginaria. Simples, cabeça quase sempre baixa, fala mansa.
A diferença estava em provocar-lhe o sorriso largo, encabular-lhe com um elogio repentino, embebedar-se junto a ela, só para vê-la mais desinibida que o habitual. Dessa vez, havia errado a mão e ficado bêbado, anos-luz à sua frente. Via o carinho com o qual ela conduzia o carro, atenta. E quando um homem está bem embriagado, não há nada mais providencial que uma mulher ‘habilitada’.
“Dá para parar de me olhar assim?”
“Assim como?”
“Ah, vai dormir, vai. Daqui a pouco a gente chega”
“Só vou dormir bem, se você vier comigo...”
“Sonha...”, riu.
Sonhou. Volta e meia, por anos, sem dizer. O encanto da mulher mais velha parecia uma tara adolescente. Com mulher mais velha, tudo é mais fácil. E quando se fala em tudo, é algo que vai muito além do sexo. As complicações, inseguranças, ciúmes, influências da família, dependência emocional, física, financeira... E quando o homem está bem disposto, não há nada mais estimulante que estar com uma mulher mais velha.
Quando pararam, ela sorriu. Soube naquele instante que a venceria. Derrubaria seus argumentos e preocupações, um por um. A venceria na gentileza, na impressão ou no cansaço. Naquele momento, não havia o menino de há tanto. A venceria, e sabia. Porque quando a mulher não sabe o valor que realmente tem, não há nada mais esclarecedor que um homem apaixonado.
To esperando o meu viu...será q é esse?? :D
ResponderExcluirEd, descobri esse seu outro blog... adoreeeeeiiii!!!
ResponderExcluirLinda história!
Bjão!