terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Por que somos tão frouxos?

Estamos tão acomodados que começamos a acreditar que uma mensagem de WhatsApp é demonstração de atenção. Estamos tão desprovidos de conceitos, que um dos grandes incômodos contemporâneos se chama "visualizado e não respondido". Estamos tão presos às nossas próprias ilusões, que acreditamos nas declarações de alegrias eternas e tristezas profundas que postamos dia após dia nos murais do marketing pessoal sempre à mão, a alguns toques em telas.

Mulheres reclamam que falta homem. Algumas dizem faltar atitude. Outras, que falta romance. Outras tantas, que faltam héteros. Enquanto isso, despejam indiretas a quem quiser testemunhar, fazem questionários públicos por não ter resposta de um único indivíduo, exalam feminilidade e feminismo, mas insistem que ele é quem tem que ligar, que tomar a iniciativa e que ela tem que se fazer de difícil, tem que ser um alvoroço liberal na cama e quiçá, saber cozinhar.
A verdade é que homens não sabem mais ser homens. Falta quem diga "desce, que estou te esperando aqui embaixo", que dance sem pisar no pé e com cheiros insistentes no pescoço, que se ofereça para dar carona, pagar a conta ou que vá além da sms no dia seguinte. Falta homem que surpreenda num presente, que saiba a hora de ficar calado e também a hora de desconcertá-las com um elogio...

É que padecemos de dois pecados: somos frouxos e não sabemos ouvir. Corremos de loucas demonstrações de disponibilidade por não saber lidar com avalanches de estrogênio. Quem muito quer, muito assusta, muito exige, muito suga. Optamos pela farsa. De que ela sempre tem que gostar mais, mas não demonstrar muito mais. De que estamos no topo de nosso jogo e podemos ter tudo e todas. De que ela é resguardada, mesmo querando dar no primeiro encontro. De que sempre temos algo melhor disponível no mercado de calcinhas à espera de complementos decentes, em terra de altas expectativas e pouca razão. De que buscamos companheiras, quando, na verdade, queremos novas mães (ou empregadas)...

Por não saber ouvir, falamos o que bem entendemos. Por vezes, falamos nada. Julgando ser sumir e ignorar. É quando nos jogamos no abismo da mediocridade e nos abraçamos definitivamente com a alcunha de menino; que bebe demais, assiste futebol demais, se agarra demais, com "qualquer uma" demais e construímos absolutamente coisa alguma... até aprender a ser gente.

A verdade é que mulheres que reclamam faltar homem, estão com um currículo cheio de garotos. Meninos frouxos e surdos, que desconhecem o gozo que entrelaça até calcanhares e os olhares que contemplam muito além do ego. Se neles insistem, devem arcar com as consequências das próprias escolhas, viver de SMS e segundos planos e ter a mínima discrição de não tornar suas porcas escolhas um capítulo banal de uma novela transmitidas por suas palavras e imagens. E se homem precisa aprender a ser homem, mulher tem que saber identificá-lo. No final das contas, um frouxo não vai tomar uma atitude por sua insistência; um surdo não vai passar a ouvir por sua esperança; e se é preciso insistir, esperar ou gritar por algo além de um silêncio que não denuncia o óbvio, talvez seja hora de entender que a palavra que não vem de graça nunca, por um segundo, foi, de fato, sua.

Leia também: O amor em tempo de What's App
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