domingo, 25 de novembro de 2012

Porque eu não vou mais gostar de você

Nós não vamos gostar da gente por sermos bonitos. Na cidade dos belos rostos, pequenos lindos seios ou fartas amas há ruas inteiras. Repletas e sem sinalizações. Não nos faltam bocas a beijar. Não nos falta sexo. Mas queremos sempre mais. E essa necessidade é o que nos aproxima dos bichos. Nos torna irracionais. Reduz, diminui, carnifica. O tempo prova. Reprova. Nos põe à prova.

Eu não vou gostar de você porque você acredita. Acredita em príncipes encantados. Em quem possa te resgatar de sua própria ignorância. Em finais felizes, acasos, sem casos. Você não vai gostar de mim porque você acredita. Acredita que o amor tem que arrebatar de repente. Floresce entre inimigos e é proibido entre amigos. Que o seguro, e firme, e recorrente não te faz melhor do que a solidão o faria. Vai acreditando que, no fim das contas, sequer haveria solidão: eu estaria lá. Crente, pronto, certo, sem questões.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

"Eu te amo" não é "bom dia"

Grande Austeróbilo,

Eu não falo "te amo" porque sou gordo. E porque sou homem. E porque tenho noção. "Eu te amo" é um desses momentos solenes que só devem ser trazidos à tona quando temos a noção exata de que nossa vida está prestes a mudar. Em uma época onde tudo parece ser mais rápido e evoluído do que realmente é, temos a tendência de apressar as coisas, contornar ‘bons sensos’, vivenciarmos experiências cinematográficas (e imaginárias)...

Não há muito nessa vida que seja mais tocante/angustiante/desconcertante que a troca de olhares entre dois seres que se complementam. Em toda a sua condição de distintos, imperfeitos, inoportunos. No entanto, juntos, se faz evidente uma união que poucos compreendem. Observar esse tipo de comportamento, essa sorte, esse ideal, em si, já é dignificante. Vivenciá-lo, uma loteria.

domingo, 4 de novembro de 2012

Amor em tempos de What's App

Vale tudo. "Cutucar" como quem não quer nada na página alheia; recomendar seguidores às sextas, só para que com a insistência alguém note que se quer mais do que indica um bom "conteúdo". Vale também chegar chegando; beijar sem perguntar o nome; alisar a bunda; a mão naquilo, aquilo na mão, em plena boate. Vale se pegar no táxi e em casamento de pessoas nem tão amigas assim, na frente de todos os colegas de trabalho. Mas abrir o facebook alheio, nunca. Mexer no celular, então? Crime! Invasões de privacidade. Mesmo quando a privacidade, há tempos, não seja mais tão "privada".

Os contos de fadas são outros. As inocências também. As meninas de doze anos já dizem como imaginam que será o "primeiro casamento", enquanto experimentam namorar a melhor amiga por uma semana. Porque faz parte. Estamos tão preocupados em nos adaptar ao novo e às exigências que nos fazem, que estranhamos o natural: relacionamentos que começaram na adolescência e duram décadas, pessoas que trabalham apenas o necessário e não querem trocar de carro todos os anos, filhos que demonstram carinho por seus pais aos vinte, quarenta anos...

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