quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Não conte pro seu chefe - Primeira revolta



Quando eu era bem pequeno, meu avô sempre dizia "diga a verdade sempre, menino. A verdade é o que faz o nome do homem". Compreendo melhor agora seus ensinamentos, apesar dele ter morrido caloteiro de primeira linha. A história da honestidade acima de tudo só não vale em relacionamentos e na hora de falar com o chefe. O primeiro porque você não vai responder nunca: "É, tô olhando mesmo, amor! É que ela tem uma bunda mais gostosa que a sua". O segundo, porque você nunca vai dizer "Tudo bem seu merda, que você escorregue na escada e morra engasgado na sua amargura" para aquele que detém sua carteira de trabalho!


O ruim da relação de trabalho é que ser sincero sempre não é uma opção. Pelo menos não daqueles que querem fazer uma carreira ou precisam assegurar o pão nosso de cada dia. Quem nunca sonhou em começar um discurso do gênero "É, eu sei que, apesar de incompetente você é meu chefe, já que está comendo a filha do presidente, mas essa é uma proposta boa e você está errado em negá-la. Tome jeito... puto!"? Já não basta você ter que ser cordial (para não dizer falso) com todos as suas colegas de trabalho, e isso inclui as que você já pegou e não gostou, as que todo mundo já pegou e espalhou e as que você não gosta porque não pode pegar...

Então, você ri das piadas, pergunta da saúde da família e inclui um elogio aos filhos dos outros sem querer, só para ser mais agradável e tornar o ambiente um pouco mais habitável. Mas isso, ninguém pode saber. E por ninguém, eu quero dizer que qualquer pessoa do mundo pode acabar sabendo, menos seu chefe. Patrão é o tipo de coisa que só é agradável quando foi você quem foi promovido, apesar de você saber que todos os xingamentos a você, sua careca e sua mãe estão automaticamente se formando na cabeça de todos os subordinados. É o normal! Chefe não ganha mais porque ele é melhor ou tem autoridade, mas porque é um ser que será odiado, apesar das tentativas de ser legal, e vai ter que pagar horas e horas de terapia não cobertas pelo plano de saúde.

Pior do que o chefe ressentido por ser detestado, é aquele que não faz ideia que o é. Então, ele vai às festas, mesmo tendo sido convidado apenas por educação, participa das conversas se achando bem vindo e não percebe nunca que o último pensamento, durante as despedidas, nunca será "poxa, até que ele é legal", mas "Já vai tarde! Finalmente vou poder beber". Fingir ser amigo do patrão é uma técnica milenar que sempre dá certo, apesar dos protestos dos colegas de trabalho por te chamarem de porco reacionário, ou pior, dilmista! Pior que fingir a amizade é realmente a ter. Imagina só a situação, na hora da sabatina, quando todos se juntam para maldizer até a sétima geração do cara, o 'amigo' está ouvindo tudo, sem graça, com pena e é o primeiro a ser acusado, uma vez que a história vaze...

O único lado bom em ter um chefe é mesmo o incentivo de vida que ele representa: um impulso para que você tenha seu próprio negócio. É o tão sonhado momento, em que finalmene não se finge mais cantar "e eu gostava tanto de você", mas pode-se engrossar o coro de Eliana (a dos baixinhos) e dizer "só você!! Vai tomar no...".

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