Eu não quero muita coisa dessa minha vida mais ou menos. Quero um teto para chamar de meu, pagar as contas sem ter que escolher qual fatura deixar descoberta ao fim de cada mês e ter tempo para observar um nascer e um pôr do sol por mês. Apenas. E, sim, estar ao seu lado. Seria isso pedir demais?
Quero dormir com você. Com tuas nóias, roncos e tapas na madrugada. Quero me sentir empurrado da cama no meio da madrugada, quando o braço que te serve de travesseiro, sem sensação alguma, se faz mais teu que meu. Quero tuas mordidas, arranhões, teu gritos, exageros, ciúmes e gemidos. Quero teu bom reconfortante e teu incômodo desafiador de paciências.
Quero rir com você. De nossos trejeitos, deslizes e ignorâncias. Quero ouvir tua risada a me tolher e descontar, gargalhando, no momento seguinte, sabendo que as consequências não vão além de bons momentos de prazer mútuo. Quero compartilhar minhas quedas, seguir teus medos de bichos, rir de nossos vergonhosos gases inesperados, implicar com tuas sardas, tirar e deixar a barba à mercê de teus caprichos.
Quero andar com você. Mãos dadas em noites quentes, abraçados nos dias mais que frios, contando os passos sincronizados por um caminho conhecido apenas no metro seguinte. Vou te carregar em meus braços quando suas pernas cambalearem e quando o desejo gritado pela sacana parede não me deixar opção. Vou chutar água fria à beira do mar, atirar bolas de neve, embolar na areia e fotografar as pegadas deixadas para trás como alimento das ondas que nos invejam.
Quero dançar com você. Sem saber, sem querer, sem poder. Nos enroscaremos ao grito das notas, ao capricho do salão e à ordem das luzes inquietas. Em cada mão deslizada e cada brusco rodopio, te pego apenas para te dar a certeza de que do meu corpo o seu não solta. Vamos dançar uma música sem cadência, sem compasso e também sem fim, no embalo das batidas duplas de teu peito, apenas até que o destino torne mudo o apagar de nossas chamas. Seria isso pedir demais?
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