sexta-feira, 26 de julho de 2013

Apertem os cintos... O avião sumiu!

Às 9h de ontem, as buscas por um avião que ninguém - e todo mundo - viu cair e “descair” no mar foram encerradas. O Corpo de Bombeiros, sem localizar qualquer destroço, pôs um fim à histeria coletiva que se instaurou na orla de Goiana e Itamaracá, Litoral Norte pernambucano, e no imaginário popular, que transcendeu as divisas geográficas e findou a noite como o boato do dia em um estado cheio de imaginação e pouquíssimas explicações. O avião monomotor/bimotor/invisível-motor desapareceu tão rápido quanto as notícias de sua existência e acidente. Se um dia voou, caiu na Ilha de Lost, que deve ter se movido para as bandas da terra das maiores línguas em linha reta da América Latina.

Algumas lendas, no entanto, têm fundo de verdade. Há quem jure de pés juntos ter visto o momento da queda do “bicho” alado. Não importa se avião, balão, helicóptero ou pterodáctilo. As testemunhas estão transtornadas. Revoltam-se por todo o caso ser considerado boato. Dizem ter visto a aeronave afundar com os olhos que a terra há de comer. E essa não é uma característica exclusivamente nossa. Ainda há vovôs escoceses que contam ter visto o monstro do Lago Ness, tesão maior da criptozoologia (que, apenas por existir, já suscita dúvidas sobre nosso ceticismo, desafiador de tudo que vai além do óbvio). Alguns vivem tentando provar a existência do Pé Grande; tenho um tio que disse já ter sido vítima dos poderes da Caipora, nem me atrevo a falar em Varginha ou Roswell. O fato é que por volta das 16h15 da última quarta-feira, segundo a assessoria de imprensa dos Bombeiros, foram recebidos chamados de três localidades de dois municípios. Mesmo discurso. Mesmo pavor. Muito antes de qualquer boato. Fenômeno estranho de uma suposta “ilusão de ótica coletiva” que, por si só, mereceria estudo. Uma força que eleva alagamentos a catástrofes, como o estouro da barragem de Tapacurá, e antecipações financeiras a extinções de “bolsas” e outros programas federais.

A verdade é que vivemos uma semana de Saramandaia, em que o realismo fantástico ganha força a cada foto publicada em veículos na web e redes sociais. No calor do momento frio do enterro da 59ª vítima de ataques de tubarão no estado, um homem abraçou a família de Bruna Gobbi. Chorou junto, lamentando o fato de, sendo sargento dos Bombeiros, não ter conseguido salvá-la a tempo da mordida do bicho. Tocante, não fosse um impostor que nem é da corporação, nem fez parte do resgate. Na fria despedida de Dominguinhos, sanfoneiros, em êxtase, esquentavam o “circo midiático”. Numa emissora de TV local, entoavam “Olha, isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais. Olha, quem tá fora quer entrar, mas quem tá dentro não sai”, ao lado do corpo de um artista que, de fato, não poderia sair de canto algum.

No planeta futebol, o Sport, rebaixado do principal campeonato nacional, sem nem jogar carimbou passaporte para participar de torneio internacional que um dos rivais diria ser luxo para poucos. Ironia que, para um dos dois, a sensação mais “estrangeira” que terá será a de jogar num estádio quase tão longe quanto o país mais próximo. Sem qualquer título relevante em disputa no momento, os pernambucanos se debruçaram sobre aparelhos de TV para ver o Atlético Mineiro cacarejar no poleiro mais alto e virar o novo “dono da bola” da Libertadores; Deixar a fama de cavalo paraguaio (ou de Paraguaçu) para bichos que invadem calçadas e quintais, como éguas pernambucanas, que, independentes, agora buscam, sozinhas, novo lar.

Enquanto isso, no planeta bizarro, uma jovem rica “some” com sua cadelinha, na Jaqueira. Tenta fugir da família para não ser levada à República Tcheca e é encontrada no Ibura dias depois. Coisas bobas da juventude, que devem ser reproduzidas em breve por George Alexander Louis, bebê real (e não imaginário) que, em alguns anos, deve sofrer bullying por não ser capaz de ter ao menos um sobrenome. Provavelmente ele sairá com a chinchila real em passeio, antes de fugir da família. Destino? Brasil, claro, que recepciona tão bem figuras de poder, como o papa pop mais franciscano, até no nome, desde o próprio São Francisco. Quem sabe o pequeno George será encontrado no Ibura? Quem sabe lá não esteja também o bendito avião? E se o futuro rei inglês perguntar se a nave caiu ou não na fatídica semana de seu nascimento, nossas línguas “retas” só poderão dizer: “Não sei. Só sei que foi assim…”

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