As músicas já não nos descreve. Os hobbies são deixados para trás por falta de tempo. Temos muito a perder, menos tempo. O sono é dosado. o stress, não. As inteligências não nos contemplam em sua totalidade. As presenças são virtuais. Os problemas? Bem reais. O toque é simulado. Como o gozo das sem vozes. Os abraços são laterais. Os beijos no rosto são contados e à distância. O limite, antes o céu, agora são as horas extras. Toda distância é relativa, exceto a que se faz entre as pessoas.
Não vemos nossos filhos crescerem. Não descansamos no final de semana. Não nos damos por satisfeitos até termos significantes cifras, sem uso, no banco ou sermos obrigados a buscá-las por falta de saúde. Não saímos para dançar e viramos a noite. Não bebemos com poucos e bons amigos ao som de nossa banda favorita. Não temos um horário sagrado que se oponha a toda a pressão do mundo. Não encontramos com frequência as pessoas que mais nos fazem bem. Não vemos, há semanas, nossos melhores amigos.
Vivemos a ditadura do tempo, da grana, do dogma. O medo do escuro se foi, ficou o eterno receio do fracasso, do descaso, do esquecimento. Nosso suor nunca é visto e nosso sangue só nos interessa. Não percebemos. Não vemos. Não queremos. De tanto buscarmos ser cidadãos do mundo, integrantes da sociedade, viventes do futuro, deixamos de lado o ferro e o fogo, a chuva e o vento, a borboleta e o furacão, o pedido e o obrigado. Prometemos o que não podemos, a quem não espera receber. Erramos nos mesmos erros, nossos, tentando ser diferente de nossos pais. E quando questionamos se, enfim, somos tão jovens é que percebemos que somos tão selvagens...
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