Quando uma grande batalha se apresenta em sua frente e não há a opção de evitá-la, todos os caminhos se mostram sentenças de morte. A juventude abandona o corpo. As lágrimas, ora secas, dão o ar de sua graça. Não há machos inquestionáveis. Não há destemidos. Não há fortes. O que nos resta são dúvidas. Se as decisões foram corretas, se a vida foi vivida ao máximo ou como deveria, se os erros foram compensados... É o velho acertar de contas "por precaução".
O diagnóstico lhe é apresentado ali, em nomes e fórmulas. Geografia. História. O que lhe interessa é a matemática. Porcentagens. Possibilidades. Linhas divisórias que fazem toda a diferença. Eu que nunca fui bom em lutar contra os números e o máximo que ganhei foi um rádio relógio de bingo. Eu que nunca confiei nas cartas. Eu que nunca me desviei do planejamento.
Lembrei que nunca havia ido ao Canadá, não conheci o Pantanal. Me veio à mente que não tive um filho, não fiz sucesso e sequer havia dito a uma mulher que a amava. Percebi que não tirava férias há anos, que não experimentava culinária de outros países além dos que já conhecia e gostava, que não pedia licença para continuar na rotina. Avaliei que nunca havia perdido a voz de tanto gritar para me livrar de meus demônios, que, há anos, não sentia dores na barriga de tanto sorrir, que não chorava com um filme desde a infância, que não ligava para pessoas que sempre admirei há semanas, por orgulho, por medo ou pela famosa falta de tempo. De alguma forma, eu sempre soube que estava doente, sim, muito antes de adoecer.
tu sois foda, meu ídolo!
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