Cena da peça 'Eu odeio meu chefe' (G7) |
Chefe é aquela pessoa que sempre chega na sala na hora em que você vai falar baixo com alguém ou dá uma risada alta ao telefone. Quando você tem fome, mas espera ele ligar e, por isso, decide comer na sala de trabalho, mesmo contra as regras, é ele quem deixa de ligar e aparece junta a você antes da primeira mordida no sanduíche clandestino. E se for para aliviar flatulências em uma sala fechada ou inventar de acessar sites proibidos no horário de trabalho, a probabilidade é de 9 para 10 de que ele tenha esquecido algo no cômodo e volte para buscar, antes que você consiga abrir (ou fechar) janelas.
Imagine, então, você saindo para beber com seus colegas de trabalho e assim que a tequila começa a fazer efeito, entra no bar a única pessoa que vocês não tinham convidado. E, mais, aceita o convite, que era só por educação, de sentar-se na mesma mesa. Nessas horas, aquela sua ânsia de fazer piadas se vai, a bebida passa, o sono chega, a noite começa a cansar e, quando se menos se espera, você lamenta cada minuto que passa fazendo com que a segunda-feira se torne cada vez mais perto.
Se existem pequenos prazeres da vida além de sexo, chocolate e encontrar dinheiro em esconderijo/calça que você tinha esquecido, certamente um deles é o de ver seu chefe se lascando. São aqueles preciosos momentos em que, com um ouvido atento, você vê o superior dele fazendo, pelo menos, metade do que você gostaria de fazer para reduzi-lo. E, quando ele não tem chefe, vê-lo conferindo um resultado ruim, obtido por toda a sua intransigência, à qual você reage apenas com uma sobrancelha, oferecendo, sem palavras, o velho 'Eu não disse?'.
No fim das contas, só há dois momentos em que seu ódio se torna compreensão, compaixão e curiosidade. Os '3Cs'. O primeiro deles é em caso de luto. Por mais que você tenha ressalvas com alguém, não vai querer que ninguém morra para vê-lo sofrer. Seria desumano e, convenhamos, as pessoas da vida de seu chefe nem merecem ser bode expiatório de seus desejos maléficos contra ele, que devem se resumir a pedir aos céus que ele leve uma topada, pegue conjutivite ou acabe com uma farpa embaixo da unha. E o último, claro, é quando você se torna chefe. Aí, meu amigo, nem adianta bancar o amigão e bonzinho. Todo mundo te odeia, nem que seja em parte.
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