segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Nem todo homem é adepto de sexo 'por encomenda'


Eu não saio com prostitutas porque sou gordo. Não é uma questão de investimento, onde se escolhe entre ‘Comer’ ou ‘comer’, é uma questão afetiva em si. Playboy quando sai com prostituta é ‘safado/garanhão inveterado’. Gordo quando faz o mesmo é ‘falta de opção’. E, gordo, você nunca vai encontrar uma prostituta que diga que deixou de cobrar o programa porque gostou do cliente, independente dos ‘meios metros’ apresentados.

É uma questão de cultura. O velho ‘se é para ser humilhado, que seja por gente importante’, nesse caso, rica! É algo comum a quase todas as pessoas, querer estilo e importância até nas desgraças de suas vidas. Se perguntados sobre como a pessoa prefere morrer atropelada: por um fusca na BR ou por uma Hilux no centro da cidade, não tenha dúvidas da massiva escolha pela ‘Hora da Estrela’. Ninguém lembra de dizer, com aquele jeitinho brasileiro ‘preferia não morrer’.

Tudo é uma questão de marcas. De rótulos. Recurso máximo e básico para aqueles que se sentem superiores ao próximo, julgando o quadro pela moldura e achando muito mais que suficiente. Somos mais bonitos, se o óculos de sol não foi comprado na Conde da Boa Vista e mais modernos, se o celular for 4Gês e meio antes dos demais.

Não basta ir a um lugar, mas tem que mostrar as fotos para amigos e desconhecidos, não para reforçar a lembrança, mas a imponência de uma oportunidade que eles provavelmente não tiveram. Somos todos Narcisos, imersos em nossos próprios umbigos pedindo sempre um pouco mais de atenção.
Poucas são as vezes que ligamos para alguém, que há muito tempo não falávamos, que não seja para pedir um favor ou colher uma informação. Somos todos interesseiros, safados, ‘cabras-quentes de samboques virados’, prontos a esperar as viradas, afinal, mais vale ‘dois puxados para a reta’, do que um ‘seu’, esquecido nela.

Pensamos sempre em nós mesmos, ainda que com familiares ou cônjuges. Verdade, ou você acha que a esposa de um grande empresário acharia ‘lindo’, se ele decidisse virar professor universitário, abandonando a empresa, em busca da realização profissional que ficou esquecida anos atrás? Ela ia ter um troço! Pedia o divórcio e ainda estampava uma matéria de revista feminina intitulada “Fulana de tal abre as portas de sua casa para Caras e conta como superou o trauma: ‘Tive que ser mais eu e dar a volta por cima’”, com a fulana de tal com um grande chapéu à beira da piscina, reclamando da vida por ser mal ‘traçada’.

É por essa vaidade contaminada no mundo que, não, eu não saio com prostitutas. Elas querem apanhar do Alexandre Frota, por não serem travestis como ele pensava, não serem pagas e ainda sair dizendo que foi ótimo e que ele deixou ‘marcas’ nas vidas delas. Não querem um pobre assalariado gordo que sente tédio em uma noite de terça-feira. Como todos os outros, elas querem ter histórias para contar, para adorar os próprios egos. Querem ter convicção de entrar no patamar das que anunciam nos Classificados, dizendo algo do gênero de piada: “sou loira, alta, belíssima, universitária, falo três idiomas. São tantas qualidades que nem eu sei como virei puta”.

Um comentário:

  1. Gostei deste texto.. vc fazia tempo que não escrevia mais gostei muito deste.... beijos e parabens...

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