sábado, 16 de junho de 2012

Sorrir é apaixonar-se dia a dia por velhos sabores

Poucos momentos de felicidades marcam definitivamente sua vida. Raros são os sorrisos que poderiam ser congelados, praticamente tão emoldurados em nossas paredes quanto em nossas memórias. A tristeza, essa ingrata, é a inconveniente visita da sogra, que chega sem se anunciar e quando menos se deseja. Mas esses marcadores de capítulos de nossas vidas são repentinos como súbitas crises de riso. Aparecem e vão embora tão rápido que só são realmente percebidos tempos depois.

É aquele momento em que você olha para o sofá e vê seu filho esparramado, em sono profundo e seguro, após um dia inteiro de brincadeiras e aventuras na cozinha. Quando tocam sua campainha no meio da noite, de surpresa, após meses, anos, sem se ver. É abrir o e-mail e descobrir ter ganho um prêmio que nem se esperava. Acordar de madrugada com mensagem no celular dizendo que não conseguem dormir pensando em você. Olhar-se no espelho e perceber que já não conta, nem se importa, com o número de fios brancos que insistem em marcar presença em sua cabeça. É descobrir em um agradecimento sincero que um pequeno ato fez uma grande diferença. Ver de perto sua banda preferida onde se menos espera. Ter a oportunidade de dizer obrigado ao autor do livro que, de certa forma, mudou sua vida um dia. É ouvir 'Eu te amo' pela primeira vez em pleno congestionamento às 19h. Ver 'positivo' no exame de uma gravidez frustrantemente desejada por anos. Ouvir ao telefone a voz de quem mais importa quando até então se pensava o pior.

Cada momento desses tem um sabor, uma temperatura. É pôr do sol por trás de belos montes gélidos. É um gozo acompanhado em banho quente de banheira. Bolo de mãe recém-saído do forno. Cerveja pouco antes de pedrar em um sábado escaldante na casa de amigos. Arrepio frio subindo a espinha junto a macios lábios aveludados. Mordida no lóbulo esquerdo, seguido de suspiro suspenso no pescoço. Chocolate quente e cremoso após longos meses de dieta. Morno colo de mãe com mãos a carinhar os cabelos. Espontâneo beijo melado de uma sonolenta filha logo antes de dormir.

Porque viver não é doce ou azedo, mas aventura. Porque amar não é quente ou frio, apenas conforto.

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