domingo, 27 de maio de 2012

O que você precisa (e nunca vai) saber sobre o amor...


Quando tem início o amor? Gostaria de saber não em termos técnicos, abstratos ou científicos, marcado por datas e similitudes. Quero saber é quando o gostar de passar cada segundo junto vira uma impossibilidade de estar separado, quando a saudade transpassa o sentimendo incômodo, aninhado sob o peito, e se mostra uma dor física, que indispõe, caleja, ridiculariza. Quando o olhar muda do 'até amanhã' para o 'não me deixe', aconteça o que acontecer?

Não ousaria sequer tentar determinar respostas. Mas arrisco dizer que esse momento de transição, que passa desapercebido, sempre se apresenta. Pode ser quando ele, sentindo a dormência do braço que acalanta os sonhos dela, ignora o desnecessário para não pertubar seu sono. Quando rejeita o terceiro choppe no velho bar da sexta, com os amigos de sempre, apenas para que tenha a oportunidade de vê-la enrubescer enquanto é observada escovando os dentes e prendendo os cabelos, pouco antes de se deitar.


Arrisco pensar que tudo muda quando ela se percebe apreciando o cheiro do suor dele e a reação da fragância amadeirada que embebe seu queixo. Quando ela, que nunca se dispôs a fritar um ovo, para reclamações frequentes de sua mãe, faz surpresa e molho, agrado e tempero, e gela a cada degustar, como se ali também fosse avaliado sua própria afeição. Quando ela, sem perceber, escolhe a roupa certa para combinar com o que, ela já imagina, ele irá usar. Ou talvez quando ela, sempre referência das amigas, símbolo de independência, passa a conjugar verbos diferentemente: "vamos", "tentaremos"...

De resto, são apenas tempos. Momentos em que cada um já se percebe envolvido. Seguindo uma rota cujo retorno não mais existe. Ele se vê acariciando a parte de trás de sua orelha direita, apenas para arrancar-lhe um suspiro de satisfação. Aparece no jantar combinado com o vinho preferido dela, do qual nem gosta, e uma porção de pastéis de belém quentinhos, adquiridos graças a um 'balão' de seis engarrafados e longos quilômetros. A leva ao jogo de seu time do coração, em vez daquele amigo que ela claramente desagrada.

Ela checa por mensagens e telefonemas às 21h, já preocupada que algo pode ter acontecido e ainda não se falaram desde o almoço. Admira seu pai por ele ajudar a montar a estante recém-comprada enquanto divide uma cerveja com ele. Se vê perfumando as coxas e abaixo dos seios para fazer-lhe surpresa mais que sensorial. Percebe estar, de fato, se divertindo enquanto participa de uma partida de videogame ou assiste ao UFC.

Quando isso muda, por certo, não se sabe. Não é um segundo definido, que marca o antes e depois. Ambos também sabem que não é, nem de longe, o fato de representar a sensação em palavras, quase sempre burocráticas e pouco significativas. Se soubéssemos calcular esse minuto exato, poderíamos potencializá-lo, para que durasse tão mais em nossas ingratas memóricas. E por não saber, nos reduzimos a conferir o resultado, sem mais somas ou perdas, apenas compreendendo que a tal fração de tempo é a responsável para que deixemos a certeza do "eterno enquanto dure" e passemos à esperança do "dure eternamente"...

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