quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Paciência sobrando? Eu compro!

Grande Austeróbilo*,

Eu não sou paciente porque sou gordo. E nem tento ser. Gosto de tudo apressado, atropelado, emocionante! Não consigo me conter. Isso tem muito a ver com a velha ansiedade, inimiga do gordo. Solução para um dia estressante de trabalho? Cervejinha com calabresa e fritas. Depressão? Sorvete com brigadeiro caseiro. Comemoração? Feijoada com picanha mal passada. Fantasia sexual? Leite condensado e vela quente. Sei que é outra história, mas é calórico, juro!

Impaciência está na moda. Acaba sendo até útil para várias coisas, especialmente quando o telemarketing liga:

“Bom dia, senhor. Eu estou tentando estar entrando em contato com o senhor para falar das maravilhas do...”
“Quanto custa?”
“Mas o senhor tem que saber das incríveis vantagens que...”
“Quanto?” “Por apenas R$59,90, eu...”
“Tá. Gostei do preço... O que é?”
“É uma ótima assina...”
“Quero não. Obrigado. Bom dia... Tun tun tun”

Prático. Rápido. Simples. Alguns dizem ‘mal educado’. Para mim, é ‘direto ao ponto’.

Se fosse paciente, não seria gordo. Claro! Se viverei até os oitenta anos, acabo achando que um ano é um tempo muito longo para dedicar a uma dieta rígida e efetiva que mude a vida. Falta de quê?! Sou do tipo que se o bebê da vizinha não para de chorar, peço licença e fico buzinando no pé do ouvido da criança, gritando “está vendo como é bom?”. Também sou irritado no trânsito. Prefiro tomar uma velhinha no braço e atravessar a rua com ela para então seguir viagem a esperar que ela atravesse sozinha "todos aqueles metros".

Tenho impaciência alheia também. Não suporto ouvir alguém dizer “tenho um negócio para ter contar depois” ou frescurites agudas de início de namoro. Eu me irrito profundamente se vir uma pessoa pedir talher para comer sushi! Eu perco a calma quando vejo alguém esfregar uma panela mais de duas vezes sem conseguir tirar a mancha de molho. Jogo logo dentro de uma bacia de água sanitária, batendo o pé e dizendo “eu quero ver...”.

Já briguei com um amigo meu, Lenine, do Recife, por conta de impaciências. Ele sonhava ser artista, coitado. Dizia algo do tipo “o mundo espera de nós, um pouco mais de paciência”. E eu retrucava. “não é isso que o mundo espera. O mundo espera que sejamos magros e ricos. Ponto!”. Ele ria. Até disse que compôs uma música para mim, mas nunca tive paciência de ouvi-la...

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