domingo, 27 de maio de 2012

Quem diz não gostar de forró, esteja certo, é por não saber dançar...


Grande Austeróbilo*,
Eu não danço forró porque sou gordo. Nunca soube como. Coordenação das pernas só funciona se for para correr atrás de algo mais saboroso em liquidação. Mas também não gosto muito de forró. O bater do triângulo ao lado da sanfona nunca me convenceu como arte.

Mas esse é o papo de todo e qualquer cidadão que não saiba dançar: responde 'não gosto'. A verdade é que todos gostamos de forró. Por nós, dançaríamos todos os dias e exterminaríamos toda e qualquer banda de axé. Nada melhor que dançar inocentemente a dança safada do sertão, sentindo cheiro do suor do cangote das interioranas e olhando o facão do pai dela com o rabo do olho. Que graça tem em 'procurar Dalila', quando Ana, Maria e Joana tão ali, coxa com coxa?

Ser gordo só atrapalha nessas horas. Não dá para promover aquele encontro, como quem não quer nada de mijador com mijador, dada a circunferência. E pior, você sua desesperadamente, em especial, em salões lotados, exterminando suas chances de dançar com as garotas que acabaram de chegar na festa, cheirosas e frescas como toda pernambucana que se preze. Para dançar, é necessário, no mínimo, três mudas de figurino.

A pureza nordestina cultivou o mito implícito e silencioso de que forró serve mais ou menos de um convite indireto para a cama, logo em seguida. Se os passos não funcionam no chão rachado da 'sala de reboco', o rebolado certamente não encaixa no 'quarto de sem boco'. Justamente por isso as mais novinhas nunca aceitam dançar com gordos, salvo as raras exceções em que percebe o perfume Ferrari e a chave (falsa) de um Audi pendurada no canto da calça. Fora isso, 'balão' só no teto, enquanto elas se esbaldam com os acéfalos 'filhos da testosterona de cavalo aplicável'.

O segredo para o bom forró para os gordos é o mesmo que para todos os outros tímidos, pernas de pau ou lisos: álcool. Qualquer que seja o diâmetro de seus 'carregos' ou o comprimento de seus 'pertences', a forma mais fácil para 'dançar com um benzinho numa sala de reboco' é mesmo a tradicional cana com mel! Pesada, máscula, num copo americano cheio até a metade!

Desce a desgraçada na garganta, na noite fria de um interior aconchegante. Botas grossas, chapéu de couro, calça 'corta-ovo'. Riso frouxo, cangote envenenado, pegada rasgada, encaixe maldito. Fungada seca, murmurar doce, raspada no pé do ouvido, ganchada na cintura. Elogio meloso, mordida endiabrada e 'tome-lhe' outra lapada. Ah, filhote, seja gordo, liso, sem dente ou sem ser gente, uma vez 'dentro', todo tempo quanto houver pra mim é pouco.

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