Penso em quantos encontros e despedidas marcam nossas escalas, nos check-ins ora inconsequentes, ora inesquecíveis, que concebem nossas próprias trajetórias. O quanto carregamos por onde vamos, com nossa ingrata praticidade ou nossos ingênuos excessos de bagagem e discurso? Quem fica ao nosso lado em cada pouso e decolagem e segura nossa mão em meio à turbulência? Quantas lágrimas de reencontro e quantas de despedida escorrem pelo mesmo lábio que sorri?
A verdade é que, entre uma viagem e outra, podemos nos ver estranhos junto a quem, há cinco anos, se divide a cama, tanto quanto nos sentir vivos nos braços de quem, há cinco dias, dividiu um pedaço de mar e uma paixão antes desconhecida. E a triste mentira à qual nos agarramos é a de que mantivemos estranhos ao nosso lado por falta de saídas de emergência, quando viemos tentando nos poupar do embarque de cabeça em busca de nossas próprias histórias.
Nesse aeroporto, não consigo deixar de imaginar quantas pessoas passaram despercebidas diante de meus olhos, quantas fizeram fila a meu lado, quantas desembarcaram para longe e nunca mais vi... Quantos amigos tomaram outra direção? Em quais portões nos distanciamos? Quem pilota a máquina de sonhos que traz para junto a alegria do abraço e leva embora enredos não vividos? Na mala, levo tanta felicidade quanto saudade. Sigo em frente, obrigado a voar sem asas. Me mantenho sob as nuvens, distribuindo um sorriso amarelo e, vez em quando, tomar banho de chuva só por poder. Porque já não importa quando e como fizemos tantos pousos, desde que a próxima decolagem esteja autorizada. E se nas escalas em que me encontro já não houver tempo para que minha alma esbarre em outra, pedindo passagem, a esperarei noutro terminal...
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