Eu não fumo porque sou gordo. Não faria sentido fazê-lo. Não bastasse o perigo constante de infarto, lidar com a possibilidade constante de câncer no pulmão não parece uma emoção que eu faça questão de ter. Não me relaciono com fumantes também. Se fosse para cheirar e sentir o gosto de nicotina, lamberia um cinzeiro!
Mas, de certa forma, me identifico com eles. Fumantes são a versão contrária dos gordos e sofrem como eles. Quem fuma geralmente é magro esturricado, não se preocupa com os perfumes utilizados e não faz questão de sorrir mostrando os dentes. Além disso, por mais que digam “se continuar assim, você morre”, mais vale mais o ‘só mais um’.
Acho que tudo é uma questão da busca pelo prazer. Todos estamos no mesmo barco, com nossos vícios e desesperos. Da mesma forma que entortamos o pescoço por uma torta de chocolate, um ninfomaníaco abusa de uma almofada, sempre prometendo que na segunda-feira, deixa essa vida de lado.
Só aceitamos essa ‘necessidade’ quando somos ameaçados de morte, em geral, por cirurgiões ou cardiologistas. Enquanto o ultimato não vem, mais vale um pedacinho a mais ou um pouco mais de tudo, aproveitando o máximo da vida. Afinal, só se vive uma vez, quem liga se será por pouco tempo quando se tem chocolates, tragadas e orgasmos (não necessariamente nessa ordem)?
Estamos sempre atrás do próximo ônibus, na esperança de que esteja mais vazio e arejado e, quem sabe?, com passageiras mais bonitas. Talvez por isso, hoje em dia, demoremos a casar e a sair da casa dos pais. Não, o mundo não mudou tanto assim. Você é que vem sempre esperando um emprego melhor e um compromisso que pareça mais duradouro, mesmo quando tenha certeza de que tudo que queria era ser funcionário público e viver em orgias apoteóticas.
Não é feio ser fumante. Acho até charmoso, desde que se respeitem os limites do próximo. O mesmo vale para gordos e sobremesas. No caso, que não haja próxima. Só é feio ser ninfomaníaco, especialmente quando as almofadas ficam espalhadas pela sala e as janelas do prédio ficam abertas. Sim, muito feio.
Vícios são como cios eternos. E todo mundo sabe que quando há cio, há coito. Não adianta aconselhar ou colocar cintos, sempre se arranja um jeito de ‘fornecer’. No início, água gelada acalma, mas daqui a pouco, ela mesma incentiva. É a beleza da adaptação por um ‘bem’, maior e mais gostoso.
O perigo do vício é quando ele encontra outro. “Não basta enrolar o cabelo, tem que mascar o chiclete”, coisas do gênero. Nesse momento não há psicólogo certo. Se gordo, fumante e ninfomaníaco: haja almofadas comestíveis altamente arrombadas e incendiadas por entre as janelas do primeiro andar da padaria! A Babilônia em chamas!
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