quarta-feira, 20 de julho de 2011

Filas são as torturas diárias para quem odeia esperar

Eu nunca escolho a fila certa porque sou gordo. Gordos não podem correr na frente de ninguém para conseguir um lugar à espera. Nunca. Fica feio. Todos te olham de lado, reclamam, fazem comentários maldosos sobre suas calças...
Então, você fica na primeira fila que vê, a que aparece mais próximo. Nota que ela não anda há três minutos e, como quem não quer nada, ou atende o celular, muda para a do lado. Dá uma de doido, porque sabe que todo mundo percebeu a ação. Nesse momento, vê que a fila onde você estava anda umas três pessoas à frente, em dois minutos, e que a máquina da sua parece ter quebrado.

Em plena Caixa Econômica Federal não é lugar para reclamações. A Caixa é um grande inferno disfarçado de banco que colocam em cada grande bairro para avaliar a resistência do brasileiro, do tipo se ele realmente não desiste nunca. Troca de fila novamente, mesma coisa. Você começa a achar que a solução das Caixas é que você vá mudando de fila de minuto em minuto para que os funcionários, enfim, trabalhem.

Escolha cansativa, você fica na sua. Procura o ‘urubu’ mais próximo. Urubus são pessoas espertas, desleais, que podiam estar matando, podiam estar roubando, mas estão ali, na Caixa, desde as quatro da manhã, todos os dias, segurando fichas e vendendo por uma comissão simples de 2% do que você for retirar. Eles estão em todos os lugares em que haja carniça. Convenhamos que na Caixa...

Faz o acordo e fica há poucos metros da atendente. Vira e observa a fila de 2,2 km que deixou para trás e, lá no fundo, o urubu, que te olha com desconfiança. Chega sua vez, pede o sacado. Não, claro que ela nem olha para você. Ela se vira, pergunta a um fulano sobre algum código que você não entende. Ele diz que é com beltrana, de Operações. A atendente vai procurar beltrana, que, obviamente, está tomando um café e de conversa, nada sexual, com o Office boy. Beltrana diz que o problema é com sicrano, mas que sicrano faltou, claro. A atendente vem, finge outra tentativa. Pede um momento. Diz que o sistema está fora do ar e que sua transação não pode ser completada. Pede para que você volte em dez dias.

Você argumenta, diz que podia estar matando, que podia estar roubando, mas que está ali tentando sacar o seu direito. Pede com jeitinho. Fala grosso. Bate no vidro com força. Esbraveja. Nada. Dez dias. Você animadamente fala baixinho, perto da atendente que ela ganha dez por cento do que sacar. Ela sorri dizendo que vai ver o que pode fazer... Ela volta sorridente. Diz que conseguiu agilizar o processo e já deduziu a parte dela. Você aguarda e tudo que ela te dá é um comprovante para daqui a cinco dias. Você questiona. Ela diz que agilizou, mas que o sistema está fora do ar.

No primeiro momento em que você a chama de caloteira, dois seguranças já estão com um saco em volta de seu rosto e te arrastando para fora. O urubu, revoltado, começa a dar pequenos pulos e a bater em sua cabeça coberta com um jornal. Você sai do local estapeado, suado e liso. Mais liso do que entrou, já que os seguranças ‘deixaram cair’ sua carteira e celular. Um turista japonês, não me pergunte o que fazia na Caixa, filma toda a cena e coloca no youtube. Não, eu não digo o link.

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