terça-feira, 3 de maio de 2011

Reencontros são desculpas fáceis para nossas manias de perseguição

Grande Austeróbilo,

Eu não gosto de reencontros porque sou gordo. Aqueles velhos ‘há quanto tempo’ sempre parecem estar carregados de um ‘ainda mais gordo?’, intrínseco na falsidade das galegas de fala fina. É meio que um lembrete de tudo que você poderia ter feito para ‘melhorar’, desde a última vez que viu a inconveniente, e, pelo visto, não fez...

Pior que a sensação de ‘o que será que ela está pensando?’ é o que você mesmo pensa. E é  sempre a mesma coisa ‘Quebrei a promessa’. Toda vez que nos despedimos de uma pessoam com prazo determinado para voltar a vê-la, fazemos aquele pequeno juramento de que, quando aquela pessoa voltar, estaremos mudados. Por mudados entenda esbeltos e com uma tatuagem de dragão na panturrilha esquerda...

É a síndrome do ex-namorado, sabe? Aquela história de “Acabou. Então daqui a três meses, quando nos reencontrarmos na rua, quero estar bonito, magro, bem vestido e bem acompanhado”. Todo mundo pensa isso. Não importa que não tenha dado certo ou que você não goste mais da pessoa. O que importa é que temos que estar por cima da carne seca no reencontro. Encontrar uma pessoa estando ainda mais fora de forma, do que da última vez que você a viu, é mais ou menos a mesma sensação de encontrar sua ex, com um novo ‘você’ horas depois do término.

Ambos terminam com a mesma solução: Chocolate, sorvete e horas de lamentação com amigos e/ou garrafas de álcool. Tudo para a manutenção da saúde e do status quo. E não adianta tomar medidas drásticas e se submeter a cirurgias. Resultados através de medicação ou cirurgias são sempre menos importantes que o fato de você ter recorrido a medicações ou cirurgias. Ninguém fica curioso em conferir o implante peniano de ninguém! Apenas comenta que o poodle era microtoy!
Em nenhuma circunstância, enquanto você estiver mais magro, você vai encontrar quem você quer. Nunca! No máximo, encontra alguém que te conheceu quando você era ainda mais magro, em mil novecentos e vá pra quem pariu! Estatisticamente comprovado.

Em dieta há dois meses, fui a uma nutricionista-sonho-de-consumo. Na balança, três quilos a menos. Esbravejo um pouco. Como pode um ser, em sã consciência, renunciar a quilos e quilos de comida ‘que preste’ por três quilos e quatrocentos? Quem? E pior. Na cintura, quatro centímetros a mais.

Como assim? Ar? Retenção de ar? E tem isso? Não pode. E como eu urino esse ar? Não faz sentido... Não! Minha senhora, como é que fico sem comer esse tempo todo, fico mais leve e tenho que aumentar o número da calça? É o balão, é? Acumputura resolve? Não? Luftal? Eu teria que estar com quantos centímetros a menos? E isso tudo é ar? Gases? Então são dois litros de luftal, minha senhora! Sim, e eu deixo de trabalhar por dois dias, por acaso? E eu vou incensar o lugar? Você só pode estar louca! Bono? Eu nunca como Bono! Profissional de merda, volte pra faculdade! Universol! Tinha que ser... Vá se lascar...

Na saída, o botão pula, o cinto aperta, você pisa em rastros, nada nobres, de cachorros e, antes que possa soltar um “que pariu”, encontra sua ex-namorada. Ela, com um surfista galego, aos risos, enquanto ela pergunta até quando você estaria ‘cevando’... Você educadamente responde “pergunta a sua mãe, que já andou colhendo o leite” e vira, quase mancando, em busca de uma coca zero. Afinal, gordo sempre sabe o melhor remédio...

Um comentário:

  1. Há! Muito boa. Ninguém merece as piriguetes de plantao q estudaram com vc na sexta série e ficam te olhando de cima a baixo, qdo se reen ontram no barzinho da moda anos depois

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