Grande Austeróbilo*,
Não sei jogar futebol porque sou gordo. Aliás, nenhum gordo sabe, verdadeiramente jogar bola. Isso é um fato consumado. Herança triste dos dias de ser escolhido por último nos times do colégio ou da escalação única e exclusiva para goleiro (uma bola reconhece a outra).
Dado o trauma, você vira um torcedor de futebol meio enrustido. Meio que com medo do desprezo dos companheiros de cachaça quando começam a falar da pelada do domingo de manhã, a qual nunca comparece, claro. Rubro-negro inveterado, sempre joguei bola mesmo assim. Utilizava o medo que os outros jogadores tinham de se aproximar de mim e serem pisoteados como forma de me sentir um Fenômeno ainda não descoberto.
Futebol é um dos grandes motivos para que eu queira emagrecer. Mas me pego pensando que o tempo já passou e que não há mais jeito. Já tentei de tudo nessa vida, comida selecionada, comida importada, não comer... Nada adianta.
Já fiz regime de prisão, à base de pão e água, todos os dias. Acabei engordando. Fiz também o japonês, em que você só come folhas, arroz e peixe cru. Até emagreci. Só fiquei alérgico a folhas, arroz e peixe. Mas só. Tentei o africano também, daquele que você passa dias sem comer e se esbanja em massa de farinha a cada três dias. Não durei ‘um churrasco’.
Eu fiz muita loucura na busca do corpo ideal. Muitas até não consigo entender como não deram certo. A dieta dos líquidos, bem popular, eu manjava de letra. Era só no suquinho de beterraba, depois chá verde, limonada e, no fim do dia, uma cervejinha. Segui à risca. Inchei.
Das investidas mais ilógicas até agora estão a dieta da cana e quando tomava ácido muriático todas as manhãs. O ácido, pelos motivos óbvios: corroer a gordura por dentro. A cana é porque, pode ver: ninguém nunca conheceu um alcoólatra que bebe cana todos os dias, gordo. São sempre secos. Secos e felizes. Esbanjando sorrisos, ainda que não apenas por conta do corpo esbelto. Perdi cinco quilos em menos de um mês. Meu emprego, também.
Mais feliz que perder peso só quando outros ganham. Todo mundo conhece alguém que come como quem prevê o apocalipse. O velho ‘magro de ruim’. A ciência chama esses bichos (que eu invejo) de hectomorfos. Algo a ver com a metabolização do alimento, que não se converte em gordura. Eu chamo de desgraçados do inferno!
Me convenci que dieta não resolve nada. Pro inferno com a reeducação alimentar. Alguns estômagos nunca puderam ter esse tipo de instrução! Tenho que entrar numa academia e pagar de palhaço mesmo. E sexo. Claro.
Lembro que a última vez que perdi dez quilos foi quando namorava uma espanhola. Maneira boa de adquirir saúde. Com o pequeno ônus (protetivo) de R$2,99, quatro vezes por dia, e uma ou outra pensão alimentícia. Prazer e lógica na simplicidade: usar o amortecedor de mulher fogosa da forma mais gostosa de perdê-lo.
Sexo é bom pra emagrecer e pra engordar. Eu,uma hectomorfa (ou desgraçada do inferno), sei bem disso. Infelizmente tô na fase do "emagrecendo"... Vacas magras... Uó!!!!!! (Glauce Gouveia)
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