Estamos tão acomodados que começamos a acreditar que uma mensagem de WhatsApp é demonstração de atenção. Estamos tão desprovidos de conceitos, que um dos grandes incômodos contemporâneos se chama "visualizado e não respondido". Estamos tão presos às nossas próprias ilusões, que acreditamos nas declarações de alegrias eternas e tristezas profundas que postamos dia após dia nos murais do marketing pessoal sempre à mão, a alguns toques em telas.
Mulheres reclamam que falta homem. Algumas dizem faltar atitude. Outras, que falta romance. Outras tantas, que faltam héteros. Enquanto isso, despejam indiretas a quem quiser testemunhar, fazem questionários públicos por não ter resposta de um único indivíduo, exalam feminilidade e feminismo, mas insistem que ele é quem tem que ligar, que tomar a iniciativa e que ela tem que se fazer de difícil, tem que ser um alvoroço liberal na cama e quiçá, saber cozinhar.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Por que somos tão frouxos?
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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Eu quero a felicidade do outro
Cresci, como tantos outros, acreditando ter que buscar minha felicidade, construi-la pelo próprio esforço, conquistá-la com jeitinho e, talvez, com um pouco de sorte. Dirigi inúmeros carros, pelas estradas de tantas esquinas do mundo, curtindo cada gol marcado até não sobrar mais sorrisos ao fumar o último cigarro. Foi no sorriso de uma criança e na lágrima de uma mulher, que a encontrei. No riso alheio, na conquista terceira, na vibração explosiva do soar do gongo...
Uma atleta quase sem forças olha o relógio. E eu grito com a TV, mandando que tenha forças. "Vai, vai", batendo as mãos já sem unhas. Choro, como uma menina pequena, ao vê-la aplaudida num pódio que, talvez, ela só tivesse em sonhos; Com o coração nas mãos, vejo a correria de crianças a decidir seus futuros buscando nomes em listas nas paredes de seus futuros. Perco um pouco dos cabelos em cada berro até então contido pelo estômago de suas ansiedades; Hipnotizado, desabo ao ver o abraço de dois seres que não se vêem há meses, com malas ainda nas mãos, num saguão de aeroporto qualquer. A saudade a arrebentar-lhes os lábios; Bêbado, brindo pela vigésima vez ao novo emprego de quem já não se julgava capaz ou necessário; Rasgo as mãos em costas largas e frágeis ao acompanhar a abertura de um exame que diz não ser mais necessário continuar um daqueles sofridos tratamentos em que se morre aos poucos apenas por resistir; Abençoo, de todo o peito, o menino que se aninha nos braços recém-descobertos daquela que, até então, julgava conhecer por dentro e por inteiro...
Uma atleta quase sem forças olha o relógio. E eu grito com a TV, mandando que tenha forças. "Vai, vai", batendo as mãos já sem unhas. Choro, como uma menina pequena, ao vê-la aplaudida num pódio que, talvez, ela só tivesse em sonhos; Com o coração nas mãos, vejo a correria de crianças a decidir seus futuros buscando nomes em listas nas paredes de seus futuros. Perco um pouco dos cabelos em cada berro até então contido pelo estômago de suas ansiedades; Hipnotizado, desabo ao ver o abraço de dois seres que não se vêem há meses, com malas ainda nas mãos, num saguão de aeroporto qualquer. A saudade a arrebentar-lhes os lábios; Bêbado, brindo pela vigésima vez ao novo emprego de quem já não se julgava capaz ou necessário; Rasgo as mãos em costas largas e frágeis ao acompanhar a abertura de um exame que diz não ser mais necessário continuar um daqueles sofridos tratamentos em que se morre aos poucos apenas por resistir; Abençoo, de todo o peito, o menino que se aninha nos braços recém-descobertos daquela que, até então, julgava conhecer por dentro e por inteiro...
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Encontros e despedidas nos aeroportos da vida
A vida é um aeroporto. Traçamos planos, agendamos horários, vislumbramos destinos e, vez ou outra, temos o coração extraviado, as benesses atrasadas ou o mau tempo nos obriga a voar para onde nem nos imaginávamos capazes. Na rota de embarques e desembarques, não consigo deixar de olhar ao redor. Quantas vidas dependem da mesma viagem que a minha? Quantas juventudes chegam, em busca de sonhos infantis de estrelato e recomeço, pelos mesmos portões em que paixões despedaçadas fazem fugir quem antes também divagava? Quantos lutos carregam malas de mão, apressadas por nosso sufocante e trabalhoso cotidiano, pelos mesmos assentos que te levam a esperados reencontros, ao aconchego do colo materno, ao beijo cheiroso de amores separados, a bons filhos que à casa retornam?
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