
É fácil perceber quando estou apaixonado. Sou ridículo. Canto como se disso dependesse meu sustento, distribuo votos - mais que sinceros - de bons dias, tardes e noites (sim, mais de uma vez) e ando como se tivesse visto passarinhos verdes, azuis, amarelos e de todas as cores que se possa imaginar. Quando me fisgam, fico rico. Cartão de crédito é besteira (na verdade, inimigo) e tudo vira desculpa para comemorar ou sair para beber e esquecer. Sou carinhoso com tudo e com todos, reparando em belezas e qualidades que sempre estiveram ali, mas que nunca me dispus a mencionar. Quando estou apaixonado, todos ganham.
É fácil perceber quanto quero alguém. Mando mensagens despretensiosas, sem horário ou assunto definido - para não dizer em todos os momentos possíveis e com controle suficiente para não parecer psicopata -, me faço disponível para ajudar no trabalho mais chato ou difícil (naquela tentativa de fazer uma diferença significativa) e ofereço sempre presentes baratos, mas com significados claros (daqueles que não dão na cara, mas também não se explica o porquê da exclusividade, saca?). Sou presente, sou ausente, quente e frio, ofereço os ombros, o corpo, a mente - que promete que não mente -. Quando estou apaixonado, sou uma versão melhor de mim.